Hoje
terminaria a resumida saga do desenvolvimento dos computadores. Byte e Bit tinham
feito uma sombra com uma colcha e quatro canas espetadas, e gozavam o fresco à
beira-mar, na parte sul da praia do Monte Clérigo, frente ao laredo baixo.
— Posso ir
apanhar uns mexilhõezinhos, se o profe quiser. — Dispunha-se Bit.
— Não. Deixa
a maré vazar mais um pouco. Vamos entrar na Quinta Geração.
— Então
acabamos hoje? Não tinha dito que eram cinco, as gerações? — Inquiriu Bit, na
esperança de algum alívio. — Depois são as férias!
— Mais ou
menos, mais ou menos. A tua pressa prejudica a aquisição de conhecimentos. —
Observou, com desagrado. — Nesta geração, registaram-se alterações
significativas na construção dos computadores, nomeadamente no relógio, a
emitir cada vez mais ciclos por segundo, e ainda o desenvolvimento da
capacidade de executar várias instruções por cada ciclo.
— Ainda as
ondas! Então e os transístores?
— Só para
fazeres uma ideia, enquanto em 1975 o processador tinha uns 65.000, um Intel
486, em 1989, já usava 1.400.000 e, por 2011, o i5 integrava 1.160 milhões.
— Dá para perceber
que cada vez mais integração e, é claro, maior rapidez de processamento. — Era
o Bit a querer surpreender Byte.
— Hum!
Estudaste alguma coisa? — Byte mostrava a sua satisfação. — Mas um grande passo
foi dado também ao nível do software,
extraordinária evolução nos sistemas operativos e nas linguagens de
programação.
— E a
Internet?
— Claro, a
Internet. O seu embrião aparece em 1974 a partir da ARPANET.
— Mas um dos
passos mais importantes advém do desenvolvimento das pequenas soluções,
portáteis, e da desmitificação da informática. A informática vai ao encontro do
utilizador, dispensando-o de um grande número de conhecimentos especializados
para poder usar a sua plataforma. São as plataformas amigas-do-utilizador (user friendly).
— Mas
continua a haver investigação e desenvolvimento, não é? — Bit, interessado. —
Cada vez aparecem soluções tecnológicas mais complicadas e… parecem tão simples!
— Claro que
o trabalho dos cientistas não pára. Os processadores são cada vez mais rápidos,
e os sistemas de armazenamento com cada vez mais capacidade e maior velocidade
de acesso aos dados.
— É isso
sim, com o meu telemóvel tenho tirado milhares de fotografias que guardo numa
nuvem! E vou vê-las quando quiser.
— Sim, até
parece que estão mesmo no teu telemóvel! E as conversações com imagem, que
vieram a permitir as videoconferências?! E o envio e recepção de objectos
multimédia a distância?! Altas tecnologias… no teu bolso.
— Mas dizem
que alguns ácaros podem estar sempre à coca das nossas comunicações e intrometerem-se.
— Bit expunha a sua falta de confiança na tecnologia.
— Ah! Ah!
Ah! Ácaros! — Byte não conseguiu reter uma gargalhada. — Hacker. Diz-se hacker
e não é ácaro coisa nenhuma. Já me fazes lembrar o programa radiofónico
Portugalex! Não existe uma palavra em português. São técnicos altamente
competentes que se introduzem nos sistemas alheios, de forma ilegal, para
causar danos ou roubar informação.
— E a robô Sofia?
Ela pertence a que geração? — Bit não se deixou abater com o disparate.
— Muito bem,
ainda te lembras dela, da Sophie. Pois esta geração, a quinta, é uma das que tem
durado mais anos. Há mais de vinte anos que se fala que ela cobrirá a
Inteligência Artificial. Da qual a Sophie é um dos mais recentes prodígios.
— Dizem que
os robôs vão dominar o mundo…
— A Robótica tem tido grandes desenvolvimentos. Há já robôs que desempenham importantes funções de ajuda a muitos níveis, desde as linhas de montagem, a funções domésticas, gestão de tráfego, enfim inúmeras. Mas ainda falta algum tempo para que eles pensem e tenham emoções.
— Mas essa
Sofia, um dia destes vi-a na TV a dar uma entrevista. Hi! Hi! — Bit ironizando.
— E agora, já posso ir aos mexilhões?