O professor Byte já estava na Ponta da Rocha quando Bit chegou com a sua ruidosa motorizada. Byte deitou-lhe um daqueles olhares e consultou o relógio.
— Então? Só
agora?
— Olhe, foi
por sua causa, — avançou Bit, — o carteiro queria que eu lhe trouxesse uma
carta e tive de esperar. — E estendeu-lhe a carta.
Enquanto
Byte fazia uma leitura rápida da mensagem, Bit preparou a sua sebenta. Já sabia
que hoje a aula seria das mais importantes.
— Uma aula
muito importante! — Byte parecia ter-lhe lido os pensamentos. — Podes começar a
tomar notas. Ficámos em meados do Séc. XX, num tempo em tudo evolui a uma
velocidade estrondosa. Já te falei de várias máquinas que surpreenderam o mundo
com a sua velocidade de cálculo, mas que todavia evidenciavam vários senãos,
quase sempre associados aos elevados custos da sua construção e da energia para
o seu funcionamento, assim como ao espaço necessário para a sua instalação.
— Sim,
lembro-me. Foi o tempo dos relés.
— Pois foi.
— Byte pigarreou. — Mas eis que surgem novas opções. A tal válvula, que dizias
que era coisa para os carros.
— Sim, essa.
Mas disse-me que os grandes utilizadores eram as telefonias, os aparelhos de
rádio daquele tempo. — Pelo ar que Byte fez, Bit percebeu logo que tinha ido
além do que devia.
— Atento! —
Byte exibiu o seu ar de reprovação. — Esta válvula, que já se conhecia desde há
muitos anos, conseguia a impressionante proeza de ser um milhão de vezes mais
rápida que os relés. Com a sua utilização dá-se um grande salto na evolução
destas máquinas, marcando assim o início da “Primeira Geração de Computadores”.
— A primeira
Geração? — Bit estava a ficar mais confuso. — Então e o que está para trás? Aquelas
máquinas afinal não eram computadores?
— Ó Bit,
expliquei-te nessa altura que iríamos estudar os precursores. Sabes o que são?
São aqueles que aparecem antes… Que coisa! Não levas isto a sério?
Byte passou
a explicar que as válvulas permitiram avançar para a construção dos primeiros
grandes computadores (mainframes)
usados naturalmente para fins militares, sobretudo para o cálculo das tabelas
de tiro e para a codificação e descodificação de mensagens.
— Olha para
esta imagem. — Byte abriu o seu bornal e de lá retirou uma fotografia com o que
parecia uma gigantesca central telefónica (PBX). — É o computador mais famoso
daquela época, o ENIAC - Electronic
Numerical Integrator Analyzer and Computer, construído em 1945.
— Chi! É mesmo tipo… uma central telefónica, tipo… antigo! — Bit não resistiu a este jocoso comentário.
— Sim, até
parece, mas repara no tamanho. — Byte preferiu aproveitar o momento de atenção
de Bit. — Pois olha, o ENIAC era composto por nada menos do que 17.468 das tais
válvulas.
— Ena! — Bit
evidenciava o seu espanto.
— Então
repara: tinha uma velocidade de cálculo surpreendente, para a altura. Efectuava
apenas 5.000 adições, 357
multiplicações e 38 divisões por segundo! O que te parece?
— Acho bué,
bué, bué! — Bit nem encontrou palavras para exprimir o seu espanto.
— No próximo
dia ainda vais ficar mais admirado. Mais do que três bués! — Byte convidou o
discípulo para um refresco. — Levas-me na tua motora até ao Sargo e vamos tomar
qualquer coisa?
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