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quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

BIT E BYTE À CONVERSA NA ROCHA TREME-TREME


II.                        O Ábaco

Levavam cada um a sua cana de pesca, modelo extraleve e com bons carretos cheios de sedela. Esperavam que com a subida da maré os sargos viessem a dar. A Rocha Treme-Treme era o pesqueiro da sua preferência. Enquanto o peixe pica ou não pica, Byte avança com mais uma explicação:

‑ Com a sedentarização, a pastorícia e a agricultura, o homem antigo ficou mais livre. Deixou de ser necessário reunir tão grandes grupos para as caçadas, e ele desenvolve novas actividades. Uns pastoreiam, outros cultivam, outros ainda se dedicam ao fabrico artesanal de artigos necessários à melhoria das condições de vida, tipo utensílios domésticos, ferramentas para trabalhar a terra, etc.. Desenvolve-se uma economia de trocas que acaba por se estender para além da própria comunidade. À necessidade, já antiga, da contagem, junta-se uma nova necessidade: a de realizar algumas operações aritméticas elementares, começando, naturalmente, pela mãe delas todas, a adição, mas evoluindo rapidamente para a multiplicação e respectivas inversas. Sem lápis nem papel (nem uma Tabuada!) dava jeito um instrumento qualquer que ajudasse a pôr de parte as pedrinhas, e obter com rapidez resultados desejados.

‑ Estou a ver. – Interveio o Bit. ‑ Foram-se os calculi mas ficaram os cálculos!

‑ É verdade, sim. – Byte continuou. – Apareceu então aquele que ainda hoje é considerado o primeiro instrumento de cálculo: o Ábaco.

‑ Esse, eu conheço. O tal quadro com uns fios e umas bolinhas. – E desafiando.‑ Mas tu, que tanto sabes, diz-me lá se essa coisa foi invenção dos chineses ou terá aparecido na Mesopotâmia?

‑ Não conseguirei responder com exactidão, mas – E Byte acrescentou: ‑ crê-se que foi inventado na Mesopotâmia e que só mais tarde os Chineses e os Romanos terão desenvolvido aquela versão inicial.

‑ Mas muitos dos povos da antiguidade vieram a utilizar essa “calculadora”.

Byte, com um sorriso: ‑ Pois sim. Os gregos, os egípcios, os indianos, em versões diferentes, mais ou menos aperfeiçoadas, de acordo com os sistemas de numeração que usassem, pois o uso fundamental do instrumento tem em conta os valores posicionais: em cada coluna, sulco, fio ou arame movimentam-se as suas marcas de acordo com o valor atribuído a cada coluna. No sistema decimal, por exemplo, existe a coluna das unidades, seguindo à sua esquerda a das dezenas, etc.

‑ Com uma imagem a explicação ficava mais clara. Não trouxeste o teu caderninho? – Está picar! – E Bit iniciou os movimentos de manivela no carreto, ao mesmo tempo que puxava a sua cana, arqueada.

‑ Vai, puxa! – Tenho o caderno no meu bornal, vou-to mostrar.

‑ Este escapou-se! Ó Byte, devia ser cá um sargalhão!

Byte sacou o caderno e mostrou duas imagens referentes ao uso do ábaco.

‑ Estás a ver a primeira imagem, consegue-se perceber o valor de 6.302.715.408?

‑ Sim Byte, percebo muito bem. Na parte de cima, que se chama Céu, cada bolinha vale 5, 10, 100, etc. (encostada à base da fila), ao que se adicionam as bolas unitárias da fila de baixo, a que se chama Terra, (encostadas ao topo).

O Byte estava um pouco vaidoso com os seus conhecimentos e chamou a atenção de Bit para a segunda imagem.

‑ Então agora vê que na actualidade ainda há pessoas que preferem o ábaco a ferramentas mais modernas!
‑ Acho muito interessante! Mas olha, Byte, da forma como o peixe está a gozar connosco, se precisar usar alguma ferramenta de cálculo hoje, só se for para computar o nosso chibato!

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